domingo, 15 de junho de 2014

SAÚDE PÚBLICA MUNICIPAL

Vereadora Iranildes Braga (PDT) concede entrevista ao Alerta Buriti e fala sobre a atual situação da Saúde Pública buritiense

Uma das principais reclamações dos buritienses está relacionada à Saúde Pública Municipal, um direito que está na Constituição - "A saúde é direito de todos e dever do Estado e municípios, mediante políticas sociais e econômicas". Mas o que vemos no município de Buriti dos Lopes é a constante falta de médicos para atender a população, falta de medicamentos na farmácia básica, demora no sistema de marcação de consultas e exames. A população, na tentativa de conseguir um atendimento ambulatorial, madruga em longas filas e, na maioria das vezes, não consegue. A justificativa é sempre de que o sistema está fora do ar ou as máquinas estão quebradas. Algumas pessoas esperam por vários dias para conseguir um agendamento e, em alguns casos, é preciso acionar o Ministério Público para fazer valer os seus direitos.
A vereadora Iranildes Braga (PDT) procurou nossa equipe de reportagem e, nos apresentou, esta semana, um levantamento dos recursos repassados à Saúde Pública de Buriti dos Lopes dos meses de janeiro de 2013 à maio de 2014, e nos concedeu uma entrevista para mostrar tais valores e dar sua opinião sobre como anda a saúde de nosso município.
Portal - De acordo com o seu levantamento, quanto, em recursos, o município de Buriti dos Lopes recebeu nestes quase dois anos da atual gestão?
Vereadora - O município de Buriti dos Lopes recebeu repasses na ordem de mais de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) somente nestes primeiros 17 meses da atual administração municipal, isso sem mencionar o repasse para o Hospital Dr. Mariano Lucas de Sousa que continua fechado, mas mesmo assim, continua recebendo repasses no valor de mais de R$ 150 mil reais mensal. Valor este, transferido para a Unidade de Saúde da Família Demerval Castelo Branco, que na sua realidade, funciona apenas como um posto de encaminhamento de pacientes para a cidade de Parnaíba. Este valor, adicionado ao restante dos repasses, superaria facilmente a casa dos R$7 milhões de reais, em pouco mais de um ano e meio.
Portal - Você acredita que estes valores repassados pelo Governo Federal, através do Ministério da Saúde, são suficientes para a demanda da saúde de nosso município?
Vereadora - Claro! É só aplicá-los com responsabilidade. Se analisarmos a situação da saúde buritiense, veremos que casos comuns, como simples suturas, não são feitas em nossa cidade. O município não conta com um profissional na área ginecológica e, cada vez mais, vemos nossos filhos nascerem na vizinha cidade de Parnaíba. Mas os buritienses devem lembrar de uma tal cartilha com inúmeras promessas de campanhas que até o momento não saíram do papel.
Portal - Vereadora, o montante desses repasses condiz com a atual realidade em que se encontra a Saúde Pública Municipal?
Vereadora - Acredito que não, pois tenho visitado, além da sede do município, algumas outras localidades e tenho conhecimentos de casos absurdos. Há relatos de moradores onde médicos só aparecem uma ou duas vezes por mês e só atendem, no máximo, dez ou quinze pessoas por dia e, às vezes, a maioria das fichas são distribuídas, favorecendo uns e outros não. Imagine estes números em uma comunidade com 100 famílias. Sem contar que em algumas localidades nem postos de atendimento têm. Tenho relatos de que algumas campanhas de vacinação foram realizadas em bares da comunidade ou em residências particulares. Outro fato é a discriminação por parte de alguns funcionários e profissionais da saúde com os pacientes. Um dos casos mais recentes, foi o de uma paciente do CAPS, que procurou atendimento médico para seu pai (caso de urgência), e foi discriminada pela médica de plantão que se recusou a atendê-la. Aliás, alguns médicos plantonistas, passam a maioria do tempo de "repouso", e não gostam de ser incomodados. Já no Centro de Especialização Odontológica (CEO), o agendamento para os procedimentos de um simples canal, leva cerca de quase um ano. Tempo suficiente para o paciente perder toda arcada dentária.
Portal - Recentemente algumas Unidades de Saúde passaram por reformas e outras ainda estão sendo reformadas ou construídas, Caso da Unidade de Saúde do Outro Lado da Passagem. Você acredita que investir só em infraestrutura resolverá o problema da saúde em nosso município?
Vereadora - Os buritienses precisam e merecem postos de saúde de qualidade e bem equipados, sou totalmente à favor. Agora, do que me adianta construir uma Unidade de Saúde, se amanhã ou depois ela não disponibilizará de uma equipe de profissionais para atender a população. Todos nós somos conhecedores da atual realidade do nosso município. Quanto às reformas, acredito que são gastos exorbitantes e não condizem com a realidade. Para terem uma ideia, o valor da compra do terreno da Unidade de Saúde que está sendo construída no Outro Lado da Passagem, se é que foi realmente comprado, não passou pela aprovação da Câmara Municipal. Quanto ao valor da obra, que deveria estar na placa, este foi rasgado. Por que será? Outras reformas, como aquela nas proximidades do fórum, aponta um valor superior a R$ 242 mil reais, o suficiente para construir, no mínimo, três casas de padrão social médio.
Portal - Vereadora, diante de tantos descasos, qual a real responsabilidade do gestor municipal na área da saúde?
Vereadora - O município é o principal responsável pela saúde de sua população. O gestor, ao ser eleito pelo povo, deverá assumir as ações e serviços de seu território. O município tem sua secretaria específica para a gestão dos recursos públicos destinados à saúde. Cabe ao gestor, aplicar tais recursos, sejam eles, próprios ou repassados, pela União ou pelo Estado, de forma responsável. O município tem pleno poder sobre seus recursos.
Portal - Então diante de tais fatos aqui relatados, a vereadora acredita que os cidadãos buritienses têm seus direitos violados?
Vereadora - Os buritienses e os brasileiros de modo geral, têm seus direitos violados todos os dias por aqueles que deveriam cuidar bem do que é nosso. O cidadão deveria ter no mínimo direito aos serviços básicos da saúde como, acesso às ações necessárias para a proteção e recuperação da sua saúde, acesso gratuito a medicamentos necessários e contínuos para restabelecer sua saúde, acesso ao atendimento ambulatorial em tempo hábil, mecanismos ágeis que facilitem a marcação de consultas ambulatoriais e exames. Tudo isso e muito mais, sem favorecimento de grupos políticos, a final é um direito de todos. A situação da Saúde Pública buritiense é caótica e insustentável. É preciso que os poderes públicos tomem, o mais rápido possível, providências, pois além de toda esta situação, não é nada interessante, veículos oficiais do município desfilarem pelas ruas da cidade para mostrar a aquisição de uma ambulância, enquanto a saúde pública está na "UTI"
Tabela de repasses para a saúde referente ao exercício de 2013 (fonte: Banco do Brasil)
 Tabela de repasses para a saúde referente a janeiro à maio de 2014 (Fonte: Banco do Brasil)
Extrato repasse mês de junho de 2013 para o Hospital Fechado (Fonte: Balancetes Câmara Municipal)
Hospital que continua fechado Dr. Mariano Lucas de Sousa
Posto de Saúde do povoado Salgado. (prédio jogado às traças)
 Imagens da famosa cartilha e suas promessas
 Placa da Unidade de Saúde do Outro Lado da Passagem (Valor da obra foi rasgado)
Entrevista concedida pela vereadora Iranildes Braga do (PDT) em 15/06/2014
Edição Portal Alerta Buriti

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